A flor da tinta é negra
Mas nos dedos dele, adquire muitas formas
Uma abelha… uma palmeira… uma rapariga a cavalo
Um planeta regressando de um tempo longínquo
Uma bola de fogo acariciando os que entre nós são áridos e estéreis
Transformando a terra em chamas e em estacas de fumo
…
Quando abri o tinteiro
E fitei a tinta
Encontrei um génio adormecido lá dentro
Eu estava nervoso, a tinta manchou-me a ponta dos dedos
Tracei uma linha, depois outra
Tornaram-se ruas
E mais uma e outra linha
E chegaram os invasores
Um grupo de pobres veio defender-nos
O meu coração embriagado de orgulho e felicidade
Gaguejei um pouco
Divaguei um pouco
Ajudaram-me ou mataram-me os alfabetos
Queimaram-me a boca com balas
A tinta percorreu-me todas as veias
E o meu sangue correu nas veias da imprensa.
Abdel Karim Sabawi (poeta e jornalista Palestiniano)
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