Nosso é só o espinho, o estrume, a unha cheia de terra. Sabendo que me ultrapasso eu digo a você, pra celebrar nosso caso, como disse o chefe islamita em discurso ao bispo, pra celebrar a surpreendente união de maometanos e cristãos numa comunidade indonésia, “nosso amor é como bosta de búfalo, cai mas não racha.” Como vê, nem o excremento é nosso, se lhe pega a poesia. Pura graça o que nos move. Vou é chorar de tanta boa pobreza.
Adélia Prado, Solte os chachorros
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