domingo, 28 de novembro de 2010

Nepenthés

E havia também aquelas noites em espiral, manchadas pela tua memória enquanto ponto de fuga encerrado atrás das portas – fino, redondo, luzidio.
Nessas noites, voltava a casa sozinha num corpo dilatado e esponjoso, infinitamente capaz de absorver ruas e árvores.
Por isso eu era ali, naquele momento, toda a ausência das folhas nos ramos, a linha demasiadamente fria da estrada, a casa sem tecto do meu avô.
Era também a memória que tinha de ti, e a chave do carro e o carro que conduzia, de espanto, contra a narrativa proibida do teu nome. 

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