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domingo, 11 de setembro de 2011

...a cityscape is not made of flesh*


Photo:Vincenzo Balocchi
* Susan Sontag, Regarding the Pain of Others (I beg to differ...)

sábado, 23 de julho de 2011

Da alma

Ingmar Bergman, Persona (1966)

terça-feira, 17 de maio de 2011

I have nothing to do with explosions*


*Sylvia Plath, "Tulips"
Foto (?)

sábado, 2 de abril de 2011

and other / escape substances

To flourish we must absorb more than we exude.
It is normal therefore for the body to perish.
But much does drip and escape from the corporeal
tissues and we use this excess to make belief and other
escape substances.

Lisa Robertson, "Notes for Temporary Horizontal Restaurants - Note 2"

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Para uma espécie de corpo inenarrável


Minha irmã é que nasceu a falar
de um derramamento colossal
da solidão.

As mulheres, é espesso perfume lembrá-lo,
têm ângulos ausentes no que vêem e no que falam nas ocultas

nebulosas do seu corpo
o amante adivinha como um homem traído.

Assim assim mesmo: nessa penumbra de metal candente
anseia-se, decai a ansiedade

e a mulher (Ila, imã de Ilo o mundo, a minha irmã),
que é repouso vasto enfurecido
corre a apanhá-los.
ao espelho, à flor,
da cintura irrompendo como de um jardim
para uma espécie de corpo inenarrável.

Luiza Neto Jorge, “Recanto 13”
Foto: Erin Mulvehill

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011


Hoje às dez horas pinto as mãos. De todas as cores, não de nenhuma. Vou lentamente afogá-las num tinteiro. Primeiro os dedos, depois as covas, as linhas e os montes, até ao pulso. Até ao osso. Frio. Há-de ser fria, a tinta, e frias, as mãos, pois deixarão de ser mãos de massa e de flanela. Hão-de ser mãos de corte. Mãos de faca. Não mais roubadas às horas de fremente urdidura. Serão invisíveis de tão visíveis e sonoras. Indistintas das paredes, do silêncio, das gerberas nessa jarra, do negrume seco da janela. De ti. Da tua pele. Todas as cores, não de nenhuma. E vão gritar, as minhas mãos. E vão pingar, estalactites cor vertigem violeta.
Hoje. De todas as cores. 

Foto: Hernan Marin

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011




































E quando o poema é bom
não te aperta a mão:
aperta-te a garganta

Ana Hatherly, “Post-scriptum para Paul Celan”

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

nestes dias habito
as casas dos outros
(perfeitas esferas
em rota disjuntiva)

permaneço afásica
nos interstícios dos armários
onde cresço, devorando,
o sol esquecido nas fibras
da última primavera

é certo que não me mantenho
pois cedo me rendo à loucura
de medir espaços com o corpo
e, enublada por voláteis crispações,
acaricio as galáxias do tecto

tamanha navegação celeste
faz-se à cautela – em transverso,
só o escuro reconforta – mas é
tal a fremente obsessão pela lua
que rápido se cegam as linhas
rectas
                        em espiral
desço aos infernos pela mão
da serpentina felicidade.

expiro. na frágil luz embaciada
escrevo o meu nome
a frio.