Desnorteemo-nos hoje, sem falta
na melancolia ascética dos dias grosseiros
que rudes passam a galope solto
trote trote trote. Um círculo de sangue.
Fixemo-nos no ângulo morto do espelho e
sigamos, noite adentro. São dez horas.
O coração bate, cem vezes por minuto
esquecido de outras síncopes bate,
pequeno e freneticamente belo.
Sigamos viagem, ângulo adentro,
ao longo das árvores que não são árvores
mas madeixas brandas de criança feliz.
Em suas mãos sonoras, caixa de música sem
bailarina, encontremo-nos hoje, sem falta,
e dancemos os dois na nossa terna sanidade
até engessarmos todas as cartas e bilhetes
de amor. Hipnoticamente olvidados
das minudências encravadas na epiderme,
dancemos, e sigamos em carne viva
até ao vértice do ciclone
onde calmamente nos sentaremos
contemplando, a melódica
explosão das estrelas.
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