segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Para uma espécie de corpo inenarrável


Minha irmã é que nasceu a falar
de um derramamento colossal
da solidão.

As mulheres, é espesso perfume lembrá-lo,
têm ângulos ausentes no que vêem e no que falam nas ocultas

nebulosas do seu corpo
o amante adivinha como um homem traído.

Assim assim mesmo: nessa penumbra de metal candente
anseia-se, decai a ansiedade

e a mulher (Ila, imã de Ilo o mundo, a minha irmã),
que é repouso vasto enfurecido
corre a apanhá-los.
ao espelho, à flor,
da cintura irrompendo como de um jardim
para uma espécie de corpo inenarrável.

Luiza Neto Jorge, “Recanto 13”
Foto: Erin Mulvehill

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