Pensávamos que era isso,
o amor:
água
terra
um chão onde cair é mais certo
do que ser pássaro.
Pensávamos que era isso,
o amor:
uma fina garrafa de ouro
quebrada
faca e cordeiro
de mãos dadas
a procissão ainda no adro
e o meu vestido manchado de sangue.
Nunca soubemos o que era isso,
o amor.
Por isso fomos um sapato muito apertado
para ser bailarino,
um vaso rachado a traçar mapas
nas mãos um do outro
à espera
que o caminho do esquecimento
nos abraçasse.