Aos domingos abriam as gargantas:
trocavam os corvos pelas pombas (ex-
piação cromática da culpa) e ficava.
Uma penumbra sobre as cabeças rendadas,
lembrança do quarto aferventado pela
carne. Eram acres, os santos encalhados
entre as abóbadas e o lambril, de cara
tépida e rugosa como um planeta.
Ela quieta ao fundo, na ponta esquerda
do banco mais canhoto. Um círio roxo.
Apenas os sapatos de verniz bicudo
se retorciam com os beijos das avós.
Cheiravam a sal e a minério, à negra
numismática que as encerrava numa
pálpebra de chumbo. E cantava.
Que bem passava por menina
de coro, por ser mais fácil
engolir bandos de anjos
do que implodir ave-marias.
Rezar em línguas.
A sua cabeça
numa bandeja de prata.
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