terça-feira, 24 de maio de 2011

Então, como se toca?


- Não é correcto tocares assim nas coisas - dizia-lhe a mãe.
- Então, como se toca?
- Com menos força, agarrando menos. Não te envolvas tanto.

Gonçalo M. Tavares, Jerusalém 
Foto: Maura Sullivan

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Pelo que me toca, responderei também, e mostrarei o que sei, pois estou cheio de palavras, e o espírito que está dentro de mim oprime-me.
O meu peito é como o vinho arrolhado, como vinho pronto a rebentar em odres novos.
Livro de Job, 32:17 – 19

terça-feira, 17 de maio de 2011

I have nothing to do with explosions*


*Sylvia Plath, "Tulips"
Foto (?)

If the past is an irreparable fact, the present can be a revisable fiction.


Harold Schweizer, Suffering and the Remedy of Art 

sábado, 7 de maio de 2011

quarta-feira, 27 de abril de 2011

your world//out of life

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segunda-feira, 18 de abril de 2011

sábado, 2 de abril de 2011


But then are we in order when we are most out of order.

William Shakespeare, Henry VI

and other / escape substances

To flourish we must absorb more than we exude.
It is normal therefore for the body to perish.
But much does drip and escape from the corporeal
tissues and we use this excess to make belief and other
escape substances.

Lisa Robertson, "Notes for Temporary Horizontal Restaurants - Note 2"

quarta-feira, 30 de março de 2011


To love makes one solitary, she thought.

Virginia Woolf, Mrs Dalloway

Foto: Virginia Woolf , usando um vestido da sua mãe

terça-feira, 22 de março de 2011


Poetry may or may not work out its own salvation in a man [or in a woman], but it comes only to those in dire imaginative need of it, though it may come then as a terror.

Harold Bloom, The Anxiety of Influence

quinta-feira, 17 de março de 2011

segunda-feira, 14 de março de 2011

Escrevo solo e digo nuvem

O rosto enfiado na terra
escrevo solo e digo nuvem.
Solo & subsolo, conluio
amoroso de asas e raízes.

O silêncio conspira,
até a viração da tarde
cessou. Já mal suspira.
Escrevo solo e o peito arde.

O rosto guardado na terra,
nada me lembra ou esquece.
Escrevo solo. Sombra
entre sombras, o dia amanhece.

Manhã de maio semeia,
não choro nem sinto.
Digo nada – acorde esvaído
num sonho indistinto.

O rosto abrigado na terra,
mal sei do lamento das folhas.
Mal sei, mal sim, mal não:
não sei onde abrigar o coração.

Carlos Felipe Moisés, “Sombra”

Os pássaros certos



Trouxe o canto
Não é claro, mãe
Mas tem os pássaros certos
Para seguir a queda dos dias
Entre o meu tempo e o teu.

Ana Paula Tavares
Imagem: Thomas Allen

quinta-feira, 3 de março de 2011

é provável que ela venha daqui a pouco. o dia foi um tecto azul celeste quase em quebranto: não é por aí que ela costuma entrar? até lá deleito-me, nas simetrias gélidas do corpo. as mãos pelos pés. dois braços (vazios, em fuga). entendo-me na longitude glaciar da cintura. tepidamente, chega ela. arfa mansa, debaixo dos lençóis, as suas mãos crescendo dentro das minhas. erguida em ganas de violino, borda-me a almofada com fio de prata. as suas mãos lembrando-me das minhas. e isto, só gente avulsa é que entende.   

terça-feira, 1 de março de 2011

A light in the moon



The care with which the rain is wrong and the green is wrong and the white is wrong, the care with which there is a chair and plenty of breathing.

Gertrude Stein, Tender Buttons
Foto: Maia Flore

sábado, 26 de fevereiro de 2011


Porque eu também tenho uma missão na vida: anotar os lugares de areia branca, voo rasante de passarinho, todos os modos do sol. Tenho tanto que fazer no almoxarifado da humanidade.

Adélia Prado, Solte os cachorros

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

A fundo perdido

When two people fall in love, and begin to feel that they are made for one another, then it is time for them to break off, for by going on they have everything to lose and nothing to gain.
Søren Kierkegaard