nestes dias habito
as casas dos outros
(perfeitas esferas
em rota disjuntiva)
permaneço afásica
nos interstícios dos armários
onde cresço, devorando,
o sol esquecido nas fibras
da última primavera
é certo que não me mantenho
pois cedo me rendo à loucura
de medir espaços com o corpo
e, enublada por voláteis crispações,
acaricio as galáxias do tecto
tamanha navegação celeste
faz-se à cautela – em transverso,
só o escuro reconforta – mas é
tal a fremente obsessão pela lua
que rápido se cegam as linhas
rectas
em espiral
desço aos infernos pela mão
da serpentina felicidade.
expiro. na frágil luz embaciada
escrevo o meu nome
a frio.